Políticas Públicas e Terapia Ocupacional

A Terapeuta Ocupacional Vanina Tereza Barbosa Lopes da Silva, nos leva a reflexão sobre a importância de um tema ainda pouco explorado no meio acadêmico. Faz ainda uma breve definição dos vários sentidos da política, e a importância de nos tornarmos profissionais da saúde e reabilitação, com um maior conhecimento e interesse nas políticas públicas.

A política é uma referência permanente em todas as dimensões do nosso cotidiano, na medida em que este se desenvolve como vida em sociedade (Maar, 2006). Desta forma a política não somente está relacionada com os movimentos sociais, partidos políticos como estamos costumados a presenciar em noticiários. Tem um sentido, mas amplo, faz parte da nossa vida. 

A política é uma ciência estudada em suas várias facetas, neste sentido está a política institucional, que está ligada ao poder do Estado e do poder público. As políticas são as diretrizes, normas sociais, que direciona o pensamento civil, social, que está inserido nos movimentos sociais e no cotidiano do homem.  A política tem um conceito multifacetado, pois, se encontra ligado ao Estado, ao poder, as representações e participação social,  as ideologias, dentre outros (Maar,2006).

Outro sentido da política está a politicagem, entendida, como uma discussão, conduta de um ser político insatisfatório, que prega em benefício próprio, e discute temas como violência, corrupção, que demonstra uma desmoralização da atividade política. 

Essas questões são importantes por que estamos falando do Homem, que é um ser social por natureza, que está em processo de transformação de si mesmo e da sociedade onde se insere. Desta forma o Homem precisa está consciente de seu papel como ser político. E conciliar seu interesse individual com o coletivo. Mas como realizar esta separação de individual e coletivo?  Se na atualidade os interesses estão cada vez mais revertidos para o individual, e no sentido do Ter do que do Ser. E a coletividade está se perdendo no individualismo social. Outro ponto importante e preocupante disto e a coisificação de pessoas, ou seja, o Homem se afastando dele mesmo, negando o seu papel de ser no mundo. 

Para haver uma reorganização dos papeis sociais, e a compreensão do papel político do Homem, faz-se necessário uma política de base, para que possamos resgatar a visão política dos Gregos, uma visão que a atividade política tem como função pedagógica, de transformação dos cidadãos.  E a cidadania dá o tom de conduta de uma sociedade e de compreensão do homem como ser social, com seus diretos e seus deveres perante o mesmo contexto.

O Terapeuta Ocupacional entende de política? Ou somente temos a visão da politicagem ou política partidária? Se formos profissionais que trabalhamos com o cotidiano, não seriamos também profissionais da política?

Acredito que muitas destas respostas estão inseridas na formação do ser humano e do profissional. Neste sentido faz-se necessário uma reflexão do nosso papel social e na formação profissional. E lembrar que interferimos no cotidiano das pessoas, cotidiano que necessita de um entendimento e avaliação contínua. E quando intervimos estamos modificando o homem e a sociedade e neste sentido estamos fazendo política.

No tocante a política pública e a Terapia Ocupacional, temos que estar atentos as formulações dos projetos de Lei, resoluções, programas públicos na área da saúde, para que não percamos espaços de trabalho e também sermos aptos a contribuir efetivamente para uma transformação da qualidade no cotidiano das pessoas. Outro ponto importante está no entendimento e na participação nas entidades de classe, espaço legitimado de política de classe.  Para o terapeuta ocupacional participar ativamente da formulação de políticas públicas, tem que ter a compreensão do que é política, e viver política, tem que haver paixão e precisão.

Por Vanina Tereza Barbosa Lopes da Silva