A Terapeuta Ocupacional e também colaboradora do blog Bem Estar Natal, Leidiane Queiroz, fala um pouco da realidade da saúde mental em hospitais psiquiátricos, realidade essa, que a mesma trabalha e conhece muito bem no seu dia-dia.
Falar de Saúde Mental hoje é falar de uma atenção
voltada para o usuário de forma integral dentro de um modelo biopsicossocial.
Os hospitais psiquiátricos e o antigo modelo de assistência já não atendem mais
as demandas desta clientela por diversas razões. Houve mudanças no perfil dos
usuários onde agora há um crescente aumento da população dependente de Crack e
outras drogas, além de evolução nas formas de se conduzir os tratamentos.
Em decorrência dos movimentos sociais foi possível a
construção e existência de políticas públicas baseadas nos conceitos da reforma
psiquiátrica. Ultimamente encontra-se entre as prioridades do Governo Federal a
Atenção (e não mais apenas assistência) voltada para a Saúde Mental dos
brasileiros, enfatizando políticas de combate ao Crack. Evidentemente, a ações
em Saúde Mental no Brasil ainda necessitam avançar muito, pois em contrapartida
ao movimento de reforma e contra a própria Política de Saúde Mental há um
movimento contrário que defende as antigas formas de tratamento pautadas no
internamento hospitalar como melhor forma de atender a pessoa com doença
mental. Neste jogo de interesses, é preciso antes de tudo ter uma sensibilidade
acurada para poder compreender o que se passa com o sujeito para só então poder
entender a necessidade de romper com antigas práticas.
No antigo modelo, o Hospitalocêntrico, o sujeito se
colocava como paciente, especialmente passivo, condenado a romper com seu
cotidiano, com seus vínculos, com sua vida e condenado a passar dias esquecido
nas gigantes alas do manicômio. E era assim esse círculo vicioso: crise,
internamento, rompimento social e cotidiano, controle da crise e muitas vezes o
controle da voz e da vez, retorno ao convívio da família ou não, situação de
desamparo na rede, controle medicamentoso, crise, internamento, rompimento
social e cotidiano...
O novo modelo de saúde mental aponta para uma quebra
deste círculo vicioso que ia cada vez mais minando a autonomia do usuário e
amontoando residentes em hospitais. Agora é preciso cuidar integralmente desde
a primeira crise. São novos serviços: Centros de Atenção Psicossociais – CAPS,
Núcleos de Atenção a Saúde da Família, Consultórios de Rua, Leitos em Hospitais
Gerais, fortalecimento da rede de atenção básica, compactuação com a rede
intersetorial.
Nessa fase de transição ainda não é possível pensar em
políticas voltadas especificamente para a promoção da Saúde Mental e pouco é
feito na prevenção. Acredito ser esta a estratégia necessária para oferecer um
serviço ampliado. Devemos, portanto, encontrar maneiras de cuidar de vez da
nossa mente assim como muitas vezes cuidamos do nosso corpo. Necessitamos de
programas de saúde, cultura, cidadania e lazer voltados para promoção e
prevenção de doenças mentais.
Leidiane
F. Queiroz
Terapeuta Ocupacional
Diretora Científica e Cultural - ATORN
Membro da
ABRATO
Integrante da Comissão de Saúde Funcional do
CREFITO 1 |
A falta de investimento financeiro nesta área é a principal barreira para o avanço do desenvolvimento de tratamentos e pesquisas relacionadas a área da saúde mental. Parabéns Leidiane. Bom Texto.
ResponderExcluirMuito bom!!
ResponderExcluirÉ preciso ampliarmos o nosso olhar para as possibilidades de promoção e prevenção da saúde, para que as práticas sejam pensadas, idealizadas e realizadas com sucesso, um processo que envolve mudança em nossas condutas terapêuticas e de investigação...